Organização: Catarina Maul
Assessoria: Cristina Scudeze



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

DANÇANDO E ENCONTRANDO

DANÇANDO E ENCONTRANDO – LOUCURAS SÃS


Querendo fazer das dores e suas marcas algo concreto.

Buscando uma janela que seja, uma porta, uma fresta.

Preciso de ar, preciso olhar lá fora.

Preciso ver que nada acabou.

Que chances podem ser colhidas

como flores à beira do caminho

Meio que dançando, num ritmo desconhecido mas envolvente.

Parece que um som me guia, me transporta.

Um ar fresco me acalma o temor

Não é tarde, não, não é!

Pareço falar com tanta gente

Pareço me comunicar descontroladamente

Alguém me ouça

Não é tarde, não, não é!

Tenho noção da fantasia

Mas o que seria de mim sem o sonho?

Sem o devaneio?

Sem a esperança?

Chega de só razão, razão e razão

Chega de ser um “animal-máquina”. Não é mesmo Descartes?

Chega de ser José. E agora? E agora? Não é mesmo Drummond?

Pra que tanta métrica não é Camões?

Pra que tanta preocupação com a forma, meus amigos parnasianos?

Se os símbolos podem me ajudar a chegar ao desconhecido

E por sinal esse desconhecido sou eu mesmo.

Os labirintos estão aí

Senhas, signos, códigos

Não é, Édipo? Alice?

Vou dançando, vou de olhos fechados

Me chamem de insano, me chamem do que melhor o ego de vocês ficar saturado de orgulho por terem encontrado uma definição perfeita pra meu estado crônico-deliroso

Não é absinto, não é haxixe, viu ultrarromânticos?

Não é tuberculose, não é a morte.

É a busca, é o encontro.

Vejam, vejam só!

Não é tarde! Não é tarde!

Estou solto. Preso talvez a mim mesmo.

Mas solto para encontrar a chave

E abrir-me, e dizer-me livre.

Solto, mas em busca de liberdade

Preso, mas ciente do ciclo da vida.

Como teclando um piano vou comunicando infinitamente

Vou dançando, vou falando

Vou silenciando, vou ouvindo

Vou decifrando, vou me encontrando

Elementos, cores, símbolos, realidades vão me guiando

Não é tarde! Não, não é!

É o que tenho a dizer

Aos crédulos e incrédulos

Aos tripulantes e aos que acenam

Aos simpatizantes e aos críticos

Aos livres, aos libertos.

Ao mundo. A mim. A você. A nós.

Não é tarde! Não, não é!

(Fernandes Pereira)

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