Organização: Catarina Maul
Assessoria: Cristina Scudeze



terça-feira, 27 de setembro de 2011

O MEDO

O MEDO


No princípio, quando eu te vi pela primeira vez,

tive medo de teu olhar diagonal,

de tua voz mansa,

de tuas pernas longas, lentas e lindas.

Depois, tive medo de tuas palavras,

tão poucas, porém tão infindas,

e medo mesmo do teu silêncio.

Medo depois eu tive de ficar contigo.

Já cansado de ter medo da vida,

criei coragem de não ter mais medo,

coragem que plantaste em mim

quando tu mesma não tinhas coragem.

Aos poucos, tudo o que era medo

foi virando assim coragem

trajada de desejo: olhar-te, ouvir-te, tocar-te...

Hoje, cego de te ver,

louco por te ouvir,

ferido de sentir-te

e com a língua tropeçando no teu nome,

tenho todas as coragens que me levam a ti.

Mas carrego ainda um medo. Um novo medo:

não és minha ainda, mas já morro de medo de perder-te.

(Robervãnio Luciano)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente... Nada melhor para um escritor do que ser lido.