Organização: Catarina Maul
Assessoria: Cristina Scudeze



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O OMBRO

O OMBRO


Não fica assim.

Quero sim pegar em tuas mãos.

Só um pouco. Sou louco ?

Desejo que nossos corações pulsem na mesma direção.

Viemos de caminhos distintos

vinho branco em taça de tinto, plebeu em jantar à luz de vela

e tu, tão bela, no baile sem fim a girar, a girar, a girar...

Por isso que não quero que acabemos assim.

Tenha calma. Escuta-me.

Dei minha alma; sei que errei.

Pulsei minhas veias sob tua pele e como pulsei.

Deveria apenas entregar meu ombro a ti

para que pudesse sonhar, chorar, espernear, se libertar de ti, de mim, de nós.

Escuto muitas vezes apenas minha voz

sob o mesmo teto, sentados em sofás opostos.

Como intenção de afeto estou disposto

a esquecer nossos defeitos desconsiderações traições.

Reflita: conflitos sempre existirão.

Admita: somos cúmplices em nossa relação.

Turbilhão de carinhos, anseios, realizações e devaneios.

Quer me condenar pela luz dos olhos meus ?

Permito.

Permita então que mergulhe na luz dos olhos teus.

Mesmo que nunca se encontrem dentro do abismo do oceano

com o passar da maré, dos anos, trocando rimas, palavras e versos

em vão.

Mesmo que sejamos feixes paralelos na imensidão de luzes no universo

Enquanto dure.

(Paulo Mauá)

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